A megaoperação policial realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, já é considerada a mais letal da história do estado. De acordo com balanço preliminar divulgado por órgãos de segurança e pela Defensoria Pública, mais de 130 pessoas morreram desde o início da ação, entre elas quatro policiais civis e militares.
A operação, deflagrada na terça-feira (28), mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança estaduais e federais, com o objetivo de desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), facção criminosa que atua nas comunidades da capital fluminense. A ação também resultou em dezenas de prisões, apreensão de fuzis e armas de grosso calibre, além de veículos e drogas.
Segundo o governo do Rio de Janeiro, a operação tem como foco frear a expansão territorial do crime organizado e retomar o controle de áreas dominadas por facções. No entanto, o alto número de mortes e os relatos de moradores levantaram fortes críticas de organizações de direitos humanos, que apontam para possíveis excessos e falhas na condução das ações.
Moradores das comunidades relataram intensa troca de tiros, fechamento de escolas e postos de saúde, além de interrupção no transporte público. Imagens divulgadas mostram dezenas de corpos reunidos em áreas abertas, o que ampliou a comoção e a pressão por explicações oficiais.
Especialistas em segurança pública destacam que a operação reacende o debate sobre o modelo de enfrentamento adotado no Rio de Janeiro. Para eles, embora a repressão direta ao tráfico seja necessária, ações dessa magnitude acabam afetando civis e reforçando o ciclo de violência nas favelas.
O governador do Rio afirmou que o Estado “não pode recuar diante do crime” e defendeu a legitimidade da operação, classificando-a como uma resposta necessária ao avanço das facções criminosas. Já o governo federal convocou uma reunião emergencial em Brasília para avaliar a situação e discutir medidas de apoio às forças de segurança e às famílias atingidas.
Enquanto as investigações sobre o número total de mortos e o andamento da operação continuam, o episódio coloca novamente o Rio de Janeiro no centro do debate nacional sobre segurança pública, direitos humanos e o papel do Estado nas comunidades de maior vulnerabilidade.
























